segunda-feira, 11 de março de 2013

Clube Aristocrata: deliciem-se com este artigo!

ARISTOCRATA CLUBE - São Paulo - Brasil

O mais luxuoso clube negro do Brasil

Numa época em que “gente de cor” era barrada nos bailes e nas piscinas da elite branca, negros de classe média fundaram seu próprio clube em São Paulo. Foram tempos de festa, música e balanço como armas contra o preconceito.

O silêncio que impera no salão do Aristocrata Clube, no Centro, é interrompido pelo tilintar das chaves com as quais seu presidente, ¬Mário Ribeiro, abre uma enorme porta de vidro decorada com um símbolo azul. É dia de feijoada, no segundo sábado do mês, e Mário se entusiasma com a possibilidade de encontrar outros sócios fundadores para uma tarde repleta de risadas e recordações. A despeito do combinado, ninguém aparece. Têm sido assim, num misto de abandono e descaso, os dias na sede social do clube.






Talvez para não perder a viagem, Mário passa a contar histórias enquanto confere velhas fotos penduradas nas paredes. São retratos de um passado em nada parecido com o aspecto puído que se espalha pelo ambiente. Em suas palavras e naquelas imagens, não resta dúvida de que o clube, abandonado às vésperas de seu aniversário de 50 anos, já teve muito o que comemorar.


Em seus tempos áureos, o Aristocrata era saudado em reportagens laudatórias e fotos de página inteira na grande imprensa. “Este é o mais luxuoso clube negro do Brasil”, afirmava a revista Fatos&Fotos do início dos anos 1970, entre imagens de agitados finais de semana num “ambiente hollywoodiano” que reunia “as mais belas mulatas paulistas”. A descrição da revista retratava um cotidiano muito parecido com o que se via em clubes apenas para brancos, como Homs, Pinheiros ou Paulistano. Ainda que não pudessem frequentá-los no dia a dia, os negros eram admitidos em partidas de futebol contra seus times.

Foi num desses jogos que surgiu a primeira ideia de um clube para negros. “A gente só se mexe quando é cutucado”, diz Mário, dono do cutucão responsável pelo surgimento do Aristocrata. Assim como a maioria dos fundadores, ele jogava no Boca Juniors da Bela Vista, um time de futebol de várzea famoso nos anos 1950. Num jogo contra a equipe do Pinheiros, os jogadores foram convidados a visitar o clube ao final da partida. Era perto das 13h e fazia muito calor. “Eu disse que, se tivesse um calção, até mergulharia na piscina”, lembra Mário. “Aí, meu amigo, sócio do Pinheiros, disse que calção ele até emprestaria. O problema era que, segundo eles, havia um preparado na piscina que fazia mal para a pele do negro.” Indignados, eles decidiram criar um clube próprio onde não houvesse discriminação.

o caso no Pinheiros seguiu-se um ano de jantares mensais nas casas dos sócios fundadores. Os encontros serviram para eleger Raul dos Santos como o primeiro presidente, decidir o que seria oferecido aos sócios e escolher a localização ideal para a sede. Como a maioria dos associados havia nascido na Bela Vista e trabalhava na região central, a sede foi instalada num conjunto comercial na Rua ¬Álvaro de Carvalho, no Centro. As paredes foram derrubadas, reformou-se a cozinha, e, em 13 de março de 1961, o Aristocrata abriu oficialmente as portas. O sucesso foi instantâneo. Nos primeiros meses, 600 sócios entraram para o ¬Aristocrata. Os associados eram, em sua maioria, funcionários públicos, advogados e profissionais liberais. O clube abria sua sede todos os dias no final de tarde e era ponto de encontro para a happy hour. Eles bebiam uísque e caipirinha, comiam petiscos e se divertiam ao som de bossa nova e soul music americana. Nas noites de sexta-feira e sábado, cerca de 100 sócios se encontravam ali.

“Eram uns negros polidos, cultos e com uma posição financeira mais assentada”, afirma ¬Ideval Anselmo, 70 anos, garçom do Aristocrata na época. Aos sábados, além das reuniões noturnas, havia almoço – sempre com o mesmo menu: frango com polenta em dias quentes e feijoada nos dias frios. “Os caras eram enjoados”, diz Ideval. “Só tomavam caipirinha coada e jogavam xadrez depois do almoço.”













Em seus tempos áureos, o Aristocrata era saudado em reportagens laudatórias e fotos de página inteira na grande imprensa. “Este é o mais luxuoso clube negro do Brasil”, afirmava a revista Fatos&Fotos do início dos anos 1970, entre imagens de agitados finais de semana num “ambiente hollywoodiano” que reunia “as mais belas mulatas paulistas”. A descrição da revista retratava um cotidiano muito parecido com o que se via em clubes apenas para brancos, como Homs, Pinheiros ou Paulistano. Ainda que não pudessem frequentá-los no dia a dia, os negros eram admitidos em partidas de futebol contra seus times.

Foi num desses jogos que surgiu a primeira ideia de um clube para negros. “A gente só se mexe quando é cutucado”, diz Mário, dono do cutucão responsável pelo surgimento do Aristocrata. Assim como a maioria dos fundadores, ele jogava no Boca Juniors da Bela Vista, um time de futebol de várzea famoso nos anos 1950. Num jogo contra a equipe do Pinheiros, os jogadores foram convidados a visitar o clube ao final da partida. Era perto das 13h e fazia muito calor. “Eu disse que, se tivesse um calção, até mergulharia na piscina”, lembra Mário. “Aí, meu amigo, sócio do Pinheiros, disse que calção ele até emprestaria. O problema era que, segundo eles, havia um preparado na piscina que fazia mal para a pele do negro.” Indignados, eles decidiram criar um clube próprio onde não houvesse discriminação.

o caso no Pinheiros seguiu-se um ano de jantares mensais nas casas dos sócios fundadores. Os encontros serviram para eleger Raul dos Santos como o primeiro presidente, decidir o que seria oferecido aos sócios e escolher a localização ideal para a sede. Como a maioria dos associados havia nascido na Bela Vista e trabalhava na região central, a sede foi instalada num conjunto comercial na Rua ¬Álvaro de Carvalho, no Centro. As paredes foram derrubadas, reformou-se a cozinha, e, em 13 de março de 1961, o Aristocrata abriu oficialmente as portas. O sucesso foi instantâneo. Nos primeiros meses, 600 sócios entraram para o ¬Aristocrata. Os associados eram, em sua maioria, funcionários públicos, advogados e profissionais liberais. O clube abria sua sede todos os dias no final de tarde e era ponto de encontro para a happy hour. Eles bebiam uísque e caipirinha, comiam petiscos e se divertiam ao som de bossa nova e soul music americana. Nas noites de sexta-feira e sábado, cerca de 100 sócios se encontravam ali.

“Eram uns negros polidos, cultos e com uma posição financeira mais assentada”, afirma ¬Ideval Anselmo, 70 anos, garçom do Aristocrata na época. Aos sábados, além das reuniões noturnas, havia almoço – sempre com o mesmo menu: frango com polenta em dias quentes e feijoada nos dias frios. “Os caras eram enjoados”, diz Ideval. “Só tomavam caipirinha coada e jogavam xadrez depois do almoço.”

















O burburinho no número 118 da Álvaro de Carvalho começou a atrair gente famosa. Passaram por ali grandes nomes da música brasileira, como Jair Rodrigues, Wilson Simonal, ¬Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eles eram levados pelo cantor Agostinho dos Santos e por outros diretores influentes antes ou depois de se apresentarem na cidade. “Cheguei a tocar algumas músicas lá, acompanhado só pelo violão”, lembra ¬Milton Nascimento. “Sempre que lançávamos um álbum, tocávamos primeiro no Aristocrata”, diz Amilton Godoy, pianista do Zimbo Trio. As visitas ilustres não se limitavam a artistas brasileiros. Nat King Cole, Sarah ¬Vaughan e o pugilista Muhammad Ali visitaram o clube ao passar pelo Brasil.

Além dos encontros diários e dos almoços aos sábados, o Aristocrata organizava duas grandes festas de gala por ano, sempre lotadas, com até 2 mil pessoas. Nessas ocasiões, o número de convidados excedia a capacidade máxima da sede social e a diretoria era obrigada a alugar um espaço maior, normalmente a Casa de Portugal, veterano salão em atividade até hoje na Avenida Liberdade. Em março, havia um baile de gala em comemoração ao aniversário do clube; em setembro, um baile de debutantes estendia a jovens negras uma regalia até então restrita a garotas de famílias ricas brancas. O baile para as filhas de sócios incluía valsa com os pais e uma cerimônia em que elas, aos 15 anos, ganhavam o primeiro sapato de salto alto. “O Aristocrata nos deu estofo para encarar as questões étnico-raciais de frente”, diz Maria Cecília de Moraes, que debutou em um baile no clube. “Nos ajudou a ter autoestima num tempo em que ser negro era motivo de vergonha.” Em ambos os bailes, o dress code variava entre passeio completo e black tie. “Eles não queriam fazer festa ‘de neguinho’, de fundo de quintal”, diz Maria ¬Cecília. Na estica, dançavam ao som das orquestras de ¬Nelson de Tupã e do Maestro ¬Simonetti, responsáveis por manter a pista cheia até as 4h. 



Com bailes lotados e salões muito bem frequentados, os diretores do Aristocrata decidiram erguer um clube de campo – igual àqueles onde só os brancos podiam nadar. “Já tínhamos poder aquisitivo para cobrir eventuais gastos”, diz Luiz Carlos dos Santos, um dos fundadores. “O -Aristocrata tinha fama de clube de negros ricos.” Já se passavam três anos desde a fundação, e os associados sentiam falta de uma área destinada ao esporte e lazer. “Estávamos acostumados a, quando pequenos, nadar nas águas barrentas do Rio Tietê. Aí, quando íamos aos outros clubes e víamos aquelas piscinas, queríamos ter a nossa”, afirma Luiz Carlos. O local escolhido foi um terreno de 60.000 metros quadrados e relevo irregular na Estrada do Bororé, no Grajaú, na Zona Sul. Era, na época, uma região de pequenas chácaras. Cinquenta sócios se cotizaram para quitar, em 24 suaves parcelas, a dívida assumida para viabilizar a compra.

A terraplenagem foi feita com máquinas emprestadas por um cliente do cartório onde ¬Mário Ribeiro trabalhava – as mesmas usadas na construção de Brasília, segundo ele. Depois de realizar a manutenção, o dono da empresa mandava “os negros do clube do Mário” testarem. “Íamos para lá no fim de semana, fazer piquenique e cortar mato”, diz o presidente do clube. Com doações, campanhas de arrecadação e a ajuda de Adalberto Camargo, deputado (negro) eleito com a ajuda dos dirigentes do Aristocrata, em 1966 as obras começaram a andar mais rápido. Quatro anos mais tarde, o clube inaugurou duas piscinas: uma para adultos, semiolímpica (25 metros de comprimento), e outra infantil, com a presença de autoridades e o hasteamento de bandeira.

Aos sábados, entre mil e 1,5 mil pessoas se divertiam à beira das piscinas. Na sede social, as happy hours continuavam atraindo sócios e gente famosa, lotando o salão de segunda-feira a sábado. Os filhos dos associados jogavam futebol e basquete, enquanto as garotas aprendiam vôlei e dançavam balé. No final do ano, as crianças apresentavam números de dança copiados da TV. Uma vez por semestre, a sede de campo era aberta para enormes festas da cerveja, com um casal trajando roupas típicas alemãs e convidados bebendo em canecas de porcelana feitas especialmente para a ocasião (quando até 5 mil pessoas assistiam a shows de Jorge Ben e Jamelão).

Excursões vinham do Rio de Janeiro e do interior de São Paulo. Com 3,6 mil sócios, o Aristocrata vivia seu auge. O sucesso do clube motivou novos planos para a sede de campo: os diretores queriam construir uma escola e um hospital na região – e alguns chalés para famílias que quisessem passar o fim de semana no local.

Até o final da década de 1970, o Aristocrata viveu sua glória. Em 1986, o clube lotou o salão do Círculo Militar, no Ibirapuera, na comemoração de seu jubileu de prata. Mas dali em diante não houve muito mais o que festejar. Os planos de expansão não progrediram, os filhos dos sócios perderam interesse no clube, e os pais, alguns já idosos, não o frequentavam com a mesma assiduidade. “O Aristocrata foi reflexo de uma época que acabou”, diz Jasmin Pinho, diretora do documentário Aristocrata Clube, lançado em 2004. “Essa geração não se renovou.” Com o crescimento da cidade veio o trânsito, que tornou a viagem ao Grajaú demorada. Até o endereço mudou: a estrada virou avenida e perdeu o nome indígena. O terreno, na agora Rua Dona Belmira Marin, teve 10.000 metros quadrados invadidos e, nas décadas de 1990 e 2000, foi em parte desapropriado por concessionárias de água e luz. Uma favela se instalou na vizinhança. “Quando houve a invasão, o pessoal já havia deixado de frequentar o local”, afirma Martha Braga, ex-presidente do clube. “A manutenção foi ficando difícil, e o clube se tornou um elefante branco.”

Hoje, pouco sobrou do Aristocrata além das memórias dos sócios fundadores ainda vivos e de seus filhos. Alguns guardam em suas casas um vasto acervo de fotos de bailes, festas, almoços e visitas de estrelas. Dividida em cinco lotes, a sede de campo terá três deles desapropriados pela prefeitura e transformados no Centro de Tradições Populares Clube Aristocrata, aproveitando as quadras para oferecer algum lazer à região do Grajaú. Como indenização, o clube receberá R$ 1,5 milhão, dinheiro que será usado para quitar dívidas acumuladas e, quem sabe, devolver à sede social um pouco do brilho do passado. Até lá, Mário Ribeiro continuará frequentando o local todo segundo sábado do mês, na esperança de reencontrar algum velho amigo para uma nova sessão de feijoada regada a boas memórias.

Fonte: http://revistaepocasp.globo.com/Revista/Epoca/SP/0,,EMI186813-16206-1,00-MEMORIA+ARISTOCRATA+O+MAIS+LUXUOSO+CLUBE+NEGRO+DO+BRASIL.html
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Para saber mais, assistam aos documentários:

ARISTOCRATA CLUBE - Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=2-sdap1j6dc
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ARISTOCRATA CLUBE - Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=xFrFoJliiWM
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ARISTOCRATA CLUBE - Parte Final - http://www.youtube.com/watch?v=kPw85IDXBlE
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ARISTOCRATA CLUBE NOS ANOS 60 - http://www.youtube.com/watch?v=KQt0lFZkfg4

domingo, 10 de março de 2013

INDIGNAÇÃO

Os últimos dias, os últimos acontecimentos no cenário político nacional, me deixaram tão estarrecida e indignada, que optei por não escrever aqui no blog, pois como humana que sou, tenho plena consciencia que iria errar a mão nas palavras.
A eleição de Marco Feliciano, um racista homofóbico, pastor de incoerentes e perdidas ovelhas, para a presidencia da comissão dos direitos humanos (com minúsculas mesmo), acompanhado do ícone do absurdo Jair Bolsonaro, me fez atentar mais uma vez para o detalhe de que os acordos políticos organizados no país, onde as alianças espúrias entre os partidos são capazes de gerar as maiores sandices, nos faz reféns de uma direita imbecil, retrógrada, racista, elitista, homofóbica e capaz de atropelar qualquer um por dinheiro.
Estou cansada , sinceramente.
Esta semana, publiquei aqui uma texto em que alertava para a importancia do voto em candidatos realmente comprometidos com nossas questões. Fomos todos, e isto não falo só em relação ao povo negro, mas a todos os cidadãos de bem desta pobre nação rica, avacalhados. Sofremos uma dura bofetada, um deboche, um esculacho.
Vídeos mostrando Marco Feliciano pegando dinheiro de fiéis, vendendo bençãos divinas por módicos R$ 1.000,00. Bolsonaro mandando os militantes do Movimento Negro voltarem para o zoológico. Nas redes sociais, milhares de pessoas expondo sua indignação. Manifestos nas ruas contra este achincalhe ético e moral.
De outro lado, pastores evangélicos pedindo a cassação do mandato do Deputado Jean Wyllis por QUEBRA DE DECORO.
Uma inversão de valores perigosa. Uma patrulha religiosa desumana, que produz todo tipo de preconceito e violencia. Um momento perigoso este em que vivemos.
Tenho me questionado sobre o papel da Presidenta Dilma neste cenário. A verdade é que acredito que ela deveria fazer um pronunciamento explicando a todos nós os limites de sua atuação à frente desta baderna, deixar clara a sua opinião, se esforçar para moralizar os poderes legislativo e executivo. Os agressores da nação tem por obrigação que responder criminalmente pelo que fazem e dizem. Se está liberado roubar, ofender, desmoralizar e nada lhes é imputado, melhor será partirmos para a completa anarquia.
Mais desaforos virão. Mais sacanagens a vista. Um dos maiores desmatadores do país também foi eleito esta semana presidente da comissão de meio ambiente. A verdade é que as péssimas práticas estão sendo legalizadas, e nós apenas temos o direito de pagar altíssimos impostos para manter a farra desta corja.
Estamos todos cansados. Porém, a indignação está tomando corpo, os piores sentimentos sendo atiçados, e sinto que a qualquer momento esta corda, já muito desgastada e puída, vai acabar se rompendo.
O cidadão de bem vai acabar tomando as rédeas da situação na marra. Não consigo ver outra saída hoje. Ou paramos tudo e explicamos quem é que manda, quem é o verdadeiro patrão desta cambada, ou eles entrarão em nossas casas, pisarão em nossas camas, cuspirão em nossos pratos enquanto assistimos a tudo, assustados e indefesos.

Andrea Tinoco

 


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

                                                      Bertold Brecht


Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

                                                     Maiakovski

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sobre o Estatuto da Igualdade Racial

O Estatuto da Igualdade Racial é para valer?
Por Washington Lúcio Andrade / Diretor Portal Áfricas.


Washington Lúcio Andrade / Diretor Portal Áfricas.
Há vários anos estamos mantendo informado um número de pessoas nunca antes atingido, entre elas as principais lideranças do nosso país. Mantendo-as atualizadas diariamente, garantindo a democracia nas informações e respeitando a diversidade que compõe a população brasileira, dando visibilidade a jornalistas, colunistas, sites e blogs, inovando com informações em tempo real e de qualidade. Mas ainda não somos respeitados como mídia.

Instituições como a SEPPIR, Fundação Palmares, Assessorias, Coordenadorias e Secretarias ligadas à Promoção de Igualdade Racial, Municipais e Estaduais tem a função de garantir o cumprimento do Estatuto da Igualdade Racial, inclusive no que se refere à mídia. Como vamos cobrar que a iniciativa privada cumpra o estatuto, se nem os nossos organismos de promoção igualdade racial (PIR) estão cumprindo. Sabemos que alguns órgãos não são executivos, mas tem a função de articular estas ações e principalmente garantir resultados.

É importante deixar bem claro que precisamos participar das campanhas publicitárias como qualquer outra mídia. Não queremos ser lembrados somente no mês de Novembro, mês da consciência negra, mas sempre, através de campanhas da saúde, educação, cultura, Copa do Mundo, Olimpíadas, Bando do Brasil, Caixa Econômica, Petrobras, etc.

Seria importante nos ouvir para construir algo em conjunto, garanto que assim iremos conseguir mudar esta realidade.

Para finalizar, esperamos que ainda no primeiro semestre de 2013, isso comece a mudar, que o discurso acabe e que as ações sejam colocadas em prática.

Descanse em paz, grande líder!


Luta constante, batalha árdua!





















































terça-feira, 5 de março de 2013

Como chegamos aqui?




















Tenho observado que dentre as conquistas no que tange a promoção da igualdade racial no país, muitas vezes não conseguimos levar as coisas a termo. Estamos sempre em embate direto com inúmeras pessoas, classes e representações populares que questionam nossos direitos, repreendem nosso discurso, criam teorias sempre recheadas de alusões a méritos e outras retóricas racistas e ultrapassadas. Em contra partida, nas ruas e nas redes sociais observo com muita satisfação o quanto nos movemos em direção a afirmação de nossa raça, ao conhecimento histórico de nossas raízes, e seguimos dizendo em voz alta ou em negrito: SIM, SOU NEGRO, SOU LINDO, E QUERO RESPEITO!
É um novo movimento? É um novo momento? Mas até quando iremos resistir nesta luta diária de afirmação? Quando poderemos simplesmente seguir em frente, tocar a vida, deixando a quem de direito cuidar de nossas questões legais e sociais? 
A criação da SEPPIR é uma conquista histórica, fantástica, que agrega pessoas e projetos em prol de uma causa. Mas a SEPPIR foi criada pelo governo Lula, pelo PT, e dependeremos sempre da vontade política da Presidencia da República para que ela continue existindo. Um exemplo? São Paulo e seu governo do PSDB estão criando mecanismos separatistas, que considero como ferramentas de exclusão, e lançando como 'alternativa' as cotas. E aí? Dependemos ou não de vontade política?
E onde é que nós podemos, de fato, influenciar estas decisões? 
Vejo que a criação da SEPPIR é o sonho sonhado por muitos, mas que pode sim acabar. Não estou aqui fazendo propaganda político partidária pela manutenção do atual governo. Mas não podemos pensar que quem determina, questiona, amplia, cerceia, defende, propõe e fiscaliza não tem peso! Estou falando de mandato parlamentar. Se não fortalecermos candidatos REALMENTE comprometidos com nossas questões, e isto nas esferas municipais, estaduais e federais, não teremos a representação que queremos. O Brasil hoje multiplica em seu cenário político criaturas infames como o deputado Marco Feliciano, o guanidina santa de Israel que nos diz amaldiçoados, as bancadas religiosas neo pentecostais, Jair Bolsonaro e sua prole, pseudo intelectuais racistas, sociólogos de boutique... Esta é a representação política que queremos? 
Precisamos conquistar, e não retroceder. Se hoje conquistamos espaços no poder público, que eles não sejam vistos como benesses dos governantes. Esta não foi a proposta do grande Abdias do Nascimento. Muito provavelmente, aqueles que sempre mantiveram o jogo político em suas mãos podem (e vão) manipular os espaços 'gentilmente cedidos' ao povo preto, dizendo sim ou não aos nossos projetos, sem jamais mergulhar em nossa realidade.
Não podemos ficar a mercê destas situações. Temos sim que direcionar o jogo, através do voto. Eu quero viver em paz, quero que minha cor não seja o tema que permeia minhas atitudes por luta, mas por amor. Quero ser dignamente representada por políticos que sejam comprometidos com a minha raça. Quero que meus filhos se preocupem menos com isto. Mas, antes, eu quero reabrir este debate, para que a gente retome esta construção que o movimento negro tão bem iniciou no Brasil há décadas atrás. 
Foi assim que a gente chegou aqui. Este foi o caminho. E não podemos pensar que esta caminhada já chegou ao fim. Isto é só o começo...

Andrea Tinoco

O poeta

50 tons de PRETA






Por Luiz de Jesus...

50 TONS DE PRETA

A situação da mulher negra no Brasil de hoje manifesta um prolongamento da sua realidade vivida no período da escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país.

A mulher negra ao longo de sua história foi a "espinha dorsal" de sua família, que muitas vezes constitui-se dela mesma e dos filhos. Quando a mulher negra teve companheiro, especialmente na pós-abolição, significou alguém a mais para ser sustentado. O Brasil, que se favoreceu do trabalho escravo ao longo de mais de quatro séculos, colocou à margem o seu principal agente construtor, o negro, que passou a viver na miséria, sem trabalho, sem possibilidade de sobrevivência em condições dignas.

Com o incentivo do governo brasileiro à imigração estrangeira e à tentativa de extirpar o negro da sociedade brasileira, houve maciça tentativa de embranquecer o Brasil. A mulher negra, portanto, tem que dispor de uma grande energia para superar as dificuldades que se impõe na busca da sua cidadania. Poucas mulheres negras conseguem ascender socialmente. Contudo, é possível constatar que está ocorrendo um aumento do número de mulheres negras nas universidades e em posições estratégicas nas empresas nos últimos anos.

Talvez a partir desse contexto se possa vislumbrar uma realidade menos opressora para os negros, especialmente para a mulher negra. Ainda há uma grande dificuldade da sociedade brasileira em assumir a questão racial como um problema que necessita ser enfrentado. Enquanto esse processo de enfrentamento não ocorrer, as desigualdades sociais baseadas na discriminação racial continuarão, e, com tendência ao acirramento, ainda mais quando se trata de igualdade de oportunidades em todos os aspectos da sociedade.

A discriminação racial na vida das mulheres negras é constante; apesar disso, muitas constituíram estratégias próprias para superar as dificuldades decorrentes dessa problemática".

Penso ser mais do que merecido, este painel simbólico que tem o objetivo de homenagear as mulheres negras de todas as gerações, nossas verdadeiras GUERREIRAS.

Meu desejo é que em 2013, o Brasil possa ser um país 100% inclusivo e que a promoção da igualdade racial, seja uma política prática e efetiva e que a população negra deixe de ser apenas um número quantitativo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Meritocracia, eugenia e afins...




Por Francisco Antero
Inclusp e Pimesp, faces da mesma moeda.
 
 
Os eugenistas de São Paulo tem medo. Muito medo da pluraridade. Medo de seus filhos alvos serem alvos da concorrência preta. Medo da onda negra.
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Criaram um tal de Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista), o qual o governo e a três excludentes USP, Unesp e Unicamp juram que nos colocará na quietude. Uma proposta que na minha modesta opinião objetiva convencer o aluno negro, o aluno pobre a seguir outro rumo.
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Ao final de no mínimo 2 anos este tal de College produto deste Pimesp a grande dúvida a pairar sobre o aluno é: Ficar mais 6 anos num curso integral de medicina na USP ou com este canudo de "capacitação profissional" abraçar aquele emprego que apareceu como um milagre o qual pagará por volta de no máximo R$ 2.000,00. Com esses R$ 2.000,00 garantirá a compra de uma imóvel ou início de um aluguel. Tal morada ficará localizada com muita sorte a uma hora de condução das zonas centrais de São Paulo (Mas que ele não se preocupe, pois em 2.054 o governo eugenista de São Paulo entregará a sonhada linha de metrô a passar próximo a casa do nosso quase-médico.) Tal forçada formação o fará esquecer o sonho de ser um médico.
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Neste imbróglio todo, há os equivocados que dizem sermos radicais(o alvo desta acusação é a Frente Pró-cotas de SP), dizem que não queremos diálogo a fim de “melhorar” a proposta do governo.
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Agora eu pergunto: O que vem a ser este “melhorar” apregoado pelos militantes que defendem o diálogo? Diminuir a agonia de 2 anos para 1 ano? Diminuir a nota mínima de 7 para 6 para adentrar numa faculdade após o College (sim, porque até nota mínima tem esse College)?
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Melhorar para mim é simplesmente rasgar a proposta do Pimesp e colocar em prática o sistema de cotas raciais como já vem ocorrendo nos últimos 10 anos em mais de 80 universidades públicas por todo o país.
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Agora bateu uma curiosidade dos que defendem “melhorar” o Pimesp. O que vem a ser, na ótica dos defensores do diálogo com o governo de São Paulo, “melhorar” o Pimesp?
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Essa proposta me lembra os escravocratas no século XIX que ao invés de abolir a escravidão ficavam criando fases para evitar o inevitável. Ali, num primeiro momento aprovaram a Lei do Ventre Livre, depois aprovaram a Lei dos Sexagenários, depois a Lei Áurea.
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Aqui em São Paulo, o filme não muda, só muda a face das personagens, mas a alma é a mesma. O desejo da restauração, a cultura de exclusão, enfim, o medo da onda negra é o mesmo. Aqui, num primeiro momento criaram o tal de Inclusp, lembram do Inclusp? O Inclusp se mostrou um verdadeiro fracasso de inclusão de pobres e de negros nos cursos mais procurados da USP. Agora tentam convencer que o melhor é este tal de College.
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Ainda estou curioso hein!!!!! Quero saber o que vem a ser “melhorar” o Pimesp. Algum defensor desta “melhora” dentre os meus amigos e amigas ou qualquer outra pessoa pode sugerir o que vem a ser esta tal de “melhora”?
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No aguardo.
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Francisco Antero.

domingo, 3 de março de 2013

Porquê Cuba? Dos Faraós Egípcios a Chico Buarque de Holanda.


Marcelo Paes de Oliveira Por Marcelo Paes de Oliveira
 Um Blog de Cabo Frio apresentou um texto usando Stalin, Fidel, e Raúl Castro para detonar Cuba por conta da visita da blogueira. Confesso que pensei algumas vezes se devia ou não, ainda uma vez mais, escrever, sobre este tema, afinal, as acusações ali divulgadas são as mesmas feitas há mais de 50 anos pela mídia conservadora e capitalista.

Neste devo ou não devo, decidi por um equilíbrio, ou seja, um texto que elucidasse alguns véus com relação ao conceito do que me parece ser a história.

Neste sentido, quero, basicamente, dizer que há várias histórias. Dentre elas, uma é a história de tempos muito pretéritos, como o Egito dos Faraós, por exemplo. Esta história é construída a partir dos achados arqueológicos, dos documentos descobertos, das decifrações de antigas escritas, e coisas assim. Ela já não move as sociedades contemporâneas, suas paixões já foram dissipadas pelo tempo indelével e inexorável. Portanto, tudo o que ali está é o que mais se aproxima da verdade, pois já não é mais preciso proteger a descendência de ninguém que esteja vivo, bem como já não há chance de uma ou outra versão mudar o curso o presente das sociedades.

E há a história contemporânea, que interfere com o nosso presente, e que, por esta razão, pode mudar o curso de muitas sociedades. Afinal, esta história é fruto de embates que ainda hoje repercutem na formação dos estados, e que podem atingir descendentes de alguém ou mesmo a maturidade de pessoas que durante a juventude tomaram uma ou outra atitude. É por isso, por exemplo, que a Constituição brasileira garante que Roberto Carlos impeça a publicação de uma biografia sobre ele, pois há ali fatos da sua juventude que ele não quer ver revelados.

Esta história tem também as suas guerras, porém, diferentemente das guerras promovidas pelos Faraós egípcios, estas guerras, ainda hoje, espargem os seus resultados. E estes resultados têm influência direta em muitas tomadas de posições. Nestas batalhas, como sempre, há vencedores e vencidos, e a história, nestes momentos, é contada pelos vencedores.

A batalha entre o mundo socialista e o mundo capitalista foi vencida pelo segundo, e obviamente é ele, o mundo capitalista, consumista e conservador, quem conta a história que lhe interessa. É por isso que um site como o Wikileaks faz tantos estragos, e eles, os vencedores, querem levar o fundador do site, sr. Julian Assange, aos tribunais. Porque ele publicou documentos que não podiam ser publicados. Documentos que eram secretos, que eram dos vencedores e que, por isso, não podiam sair. Não podiam sair para não influenciar negativamente a história destes vencedores. Este mundo capitalista, que fala tanto em liberdade de imprensa, quer matar o Julian Assange porque ele usou as prerrogativas desta tal liberdade. Ocorre que esta liberdade era só para atacar por todos os flancos os vencidos, nunca para desmoralizar os vencedores. Sendo assim: CALE-SE O JULIAN ASSANGE! BLOQUEIEM-SE AS CONTAS DO WIKILEAKS! PRENDAM ESTE SEU FUNDADOR! É isto que está gritando este sistema que tanto apregoa a liberdade de expressão.

Ou seja, nesta história que estou falando vale a versão. E ela é temperada obviamente por alguns documentos, mas tão somente aqueles que interessem à versão que se pretende contar, não os demais. Os outros, os que podem produzir um conhecimento diferente, estes ficam escondidos, e uma ação como a do Wikileaks é fato mais raro do que se ganhar cinco vezes seguidas, sozinho, na Mega Sena.
Pois bem amigos, oque eles dizem há cinquenta anos? Que Cuba não presta e Stalin era um crápula. Esta é uma versão. Os que falam esta versão gostam também de dizer que John Kennedy era o queridinho da América, o mais popular dos presidentes: o homem jovem, bonito, para quem Marylin Monroe cantou “Happy Birthday” (ele inclusive teria a beijado) e que foi cruelmente assassinado pela máfia.

Os donos desta versão não contam, entretanto, que Kennedy foi o homem que iniciou a guerra do Vietnã, que se reuniu com a máfia para planejar a invasão de Cuba em 1961, invasão esta para derrubar uma revolução de amplo apoio popular. Não contam que com essa mesma máfia, ele contratou um exército de mercenários para a invasão e que, também, de forma evidentemente mafiosa, decidiu, em determinado momento, abandonar esta máfia que o levara ao poder (e com quem ele tramara tantas ações), para se dedicar ao glamour de um emergente mundo corporativo americano, passando então a negociar com os grandes conglomerados econômicos e não mais com os seus “primos” da “Cosa Nostra”. E que por este fato, evidentemente, como em toda Máfia que se preze, foi, digamos, exemplarmente justiçado com um balaço no meio da cabeça.

Esta parte da história eles não te contam. Como também não contam que foi a Rússia de Stálin que provocou a grande derrota de Hittler na segunda guerra, e que Stálin fez um pacto de não agressão com Hittler exatamente para ganhar o tempo necessário de transformar o seu parque industrial em um parque de indústria bélica. Pois ele sabia que Hittler pretendia tomar a Europa, e sabia que devia se armar contra isso. Pois a Rússia, desde Napoleão, todos queriam. Ainda mais no século XX, quando o mundo soube que ela estava sobre bilhões de litros de Petróleo. Eles não te contam que a partir deste momento, do momento em que a Rússia abre espaço para a vitória dos aliados contra Hittler, ela se transformava no grande adversário do capitalismo, a ponto do Presidente americano declarar ao fim da guerra que eles haviam matado a lebre errada. Fatos como este explicam a política do “Wirtschaftswunder”, que fez com que os Estados Unidos enchessem a Alemanha Ocidental de dinheiro apenas para barrar o avanço do mundo socialista e assim não perderem o mercado europeu.

Aliás, muito interessante foi a resposta do Presidente grego à Angela Merckel, Presidente da Alemanha, que, não agüentando mais a crise grega, perguntou irônica e rispidamente o que mais a Grécia queria. E ouviu como resposta que a Grécia queria apenas o mesmo que a Alemanha havia recebido ao final da Segunda Guerra, bilhões e bilhões de dólares, e o perdão das suas dívidas junto aos credores. Credores estes que incluíam a própria Grécia. Sim, amigos, porque os países europeus abriram mão dos seus créditos junto a uma mega devedora Alemanha apenas para que se barrasse ali, por interesses do capitalismo, o avanço do mundo socialista. E hoje, esta Alemanha perdoada de outrora, tenta tratar com mão de ferro aqueles a quem outrora devia muito e que por ela abriram mão desta dívidas, como a Grécia..

Enfim, perdoem-me o extenso texto que talvez de nada adiante, pois quem sou eu para brigar contra a retórica de 50 anos deste sistema perverso e cruel? Mas foi o que me ocorreu escrever para dizer apenas que entre a história contada pelo William Bonner, e a história que eu vi com os meus próprios olhos, como em Cuba, que entre a filosofia de autores como Fukuyama e Milton Friedman, e a filosofia de autores como Hobsbawn, Gramsci, Marx e tantos outros, que entre a história que eu ouvi cantada nas músicas ufanistas de cantores comprometidos com a ditadura brasileira, e entre as músicas que ouvi cantadas por Chico Buarque e Taiguara, que entre os livros de base histórica escritos por Guilherme Merquior e Merval Pereira, e os livros de base história escritos por José Saramago, e Garcia Marques e que entre as poesias escritas por Augusto Frederico Schmidt e as poesias escritas por Pablo Neruda e Bertold Brecht (que tem belos poemas), eu prefiro acreditar em Hobsbaw, em Garcia Marques, em José Saramago, em Gramsci, em Marx, em Pablo Neruda em Chico Buarque, e nos meus próprios olhos.

Por isso, Cuba Sim!