sexta-feira, 24 de maio de 2013

Acontece

A farsa da abolição denunciada em sua estratégia mais cruel. Belíssimo texto de Maria Alice Rezende de Carvalho

A terra prometida

Maria Alice Rezende de Carvalho
 
 

SEMINÁRIO "O NEGRO NA MÍDIA: UM RECORTE"





O Etnomidia - Grupo de Estudos em Mídia e Etnicidades da Faculdade de Comunicação, ligado ao Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia, convida a todos para a atividade de extensão "Negros na Mídia Brasileira: Um recorte".O evento gratuito, acontece no dia 28/05 (terça-feira), das 18h às21h, no auditório do CEAO/UFBA, no Largo Dois de Julho. Contará com a presença da Ombudsman Suzana Singer, representando o veículo de maior circulação do país, Jornal Folha de S. Paulo, o diretor do Pós-Afro/UFBA Valdemir Zamparoni, do jornalista, professor de Faculdade de Comunicação da UFBA e coordenador da pesquisa, o professor Fernando Conceição.

A atividade tem o objetivo de apresentar à sociedade, aos profissionais da comunicação, estudantes, professores e representantes dos veículos de comunicação, os resultados da pesquisa Faces do Brasil (www.etnomidia.ufba.br) e promover o diálogo entre tais instâncias.
Desde 2010 o ETNOMÍDIA monitora a cobertura de 17 jornais diários e 6 revistas de circulação nacional com o objetivo de verificar a cobertura que a mídia brasileira faz sobre três grupos étnicos historicamente discriminados e estereotipados no país: indígenas, ciganos e negros.

Os resultados serão apresentados pela equipe responsável e revelará como e de qual maneira a mídia impressa nacional, pauta as questões envolvendo o NEGRO no Brasil.
Participe! Divulgue!

Informações adicionais:

Fernando Conceição, coordenador.
E-mail: fernconc@ufba.br


Inscrições antecipadas: nicom@ufba.br.

Acontece

Acontece

Acontece

domingo, 19 de maio de 2013

Malcom X










Em 19 de maio de 1925, nascia em Omaha, Nebraska, o menino Malcolm Little, filho de uma dona de casa Louise Norton e de um ministro da Igreja Batista, Earl Little.

Sua infância, adolescência e parte da vida adulta, foi marcada por tragédias e sofrimentos. Aqui segue o texto extraído da página co - irmã Malcolm X, Brasil: MalcolmXBrasil

TRECHO EXTRAÍDO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DO PROFESSOR VLADIMIR RODRIGUES QUE ABORDA A DIFÍCIL INFÂNCIA DE MALCOLM X:

"A infância de Malcolm foi árdua. Primeiro, pela cor da pele que sacramentava o futuro de uma boa parte dos negros do país, segundo por durante a década de 30, anos da sua infância, ter vivenciado a época da Grande Depressão. Em meados de 1920, os negros que tinham o respeito dos brancos eram aqueles que trabalhavam como garçons e faxineiros. O seu pai estava no caminho contrário dessa perspectiva. Como religioso, pregava nas igrejas das proximidades de Omaha o pan-africanismo de Garvey que causava fúria entre os brancos que repudiavam e perseguiam todos os negros que tentavam se insurgir contra o status quo. Perseguidos, mudaram-se várias vezes.

Moraram no Michigan e em Lansing (Milwaukee) onde seu pai sofreu implacável perseguição da Ku Klux Klan. O pai de Malcolm era um negro politizado e que lutava pela libertação e justiça social aos seus irmãos. Por isso mesmo a casa da família Little chegou até a ser queimada por membros da Klan, episódio descrito mais tarde como “noite do pesadelo” em sua biografia.

Na biografia, Halley descreve o pai de Malcolm como uma pessoa violenta. Earl Little batia nos filhos e na esposa, mas Malcolm era o que menos apanhava. Ele afirma no texto que, possivelmente, recebia um trato melhor do pai pelo fato de ser um negro “mais claro”. Essa perspectiva estava presente dentro das comunidades negras espalhadas pelo território. É certo que o senso comum daquela época pregava que quanto mais branco melhor, mais evoluído e civilizado, afirmativa consagrada pelo darwinismo social.

Quando Malcolm tinha apenas seis anos de idade, seu pai foi brutalmente assassinado por membros de grupos racistas: foi espancado e posteriormente colocado na linha de um trem. Naquele contexto, início da década de 1930, quando a economia do país virava pó em plena administração de Herbert Hoover (1929-1933), não havia lei nos EUA que coibisse o linchamento de negros. Boa parte da população afro-americana estava totalmente marginalizada, sem o auxílio do Estado, subjugada e humilhada por significativa parte da população branca. Dessa maneira, perguntamos: que tipo de democracia era a dos Estados Unidos naquela época, uma vez que não garantia os direitos da população negra?"

Malcolm nasceu com o sobrenome Little e ao se tornar militante trocou por um X. Segundo ele, os negros que descendem de escravizados, teriam o sobrenome de seus donos e enquanto ele não soubesse de onde veio adotaria o sobrenome X e que todos os negros deveriam fazê-lo igualmente.

O pai deixou uma apólice de seguros paga para a família e a mãe
de Malcolm X jamais a receberia. Alegaram que o pai havia se suicidado. Ele já andava preocupado que fosse morrer, dai o seguro. Caso ela tivesse recebido, pouparia a família de todo o sofrimento que viveriam com a morte do pai, e a depressão psicológica que se abateu sobre sua mãe que viveu internada em um hospital psiquiátrico.

No dia 09 de maio de 2013, exatamente 10 dias atrás, morria assassinado no México, o neto de Malcolm X, também ativista como os avós, sob circunstâncias duvidosas.

http://correionago.ning.com/profiles/blogs/neto-de-malcom-x


 

FONTEs:
Compilado de
https://www.facebook.com/MalcolmXBrasil/photos_stream.
.
http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brp/33004153015P2/2010/rodrigues_vm_me_sjrp.pdf

sábado, 18 de maio de 2013

SEPPIR lança chamada pública que disponibiliza R$ 1, 1 milhão para projetos voltados a povos e comunidades tradicionais de matriz africana no Brasil




SEPPIR lança chamada pública que disponibiliza R$ 1, 1 milhão para projetos voltados a povos e comunidades tradicionais de matriz africana no Brasil

O edital é voltado a instituições privadas sem fins lucrativos. As propostas devem ser inscritas no SICONV (www.convenios.gov.br) até o dia 31 de maio. Serão contempladas as linhas temáticas: Capacitação; educação ambiental; práticas tradicionais alimentares e de saúde e; intercâmbio e fortalecimento cultural.

 O Fortalecimento Institucional das Entidades Representativas dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana no Brasil é o foco da chamada pública n° 001/2013, lançada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e publicada nesta sexta-feira, 5, no Diário Oficial da União. O prazo para o envio de propostas é até 31 de maio de 2013.

O edital é voltado a instituições privadas sem fins lucrativos e vai disponibilizar R$ 1,1 milhão para propostas que tenham como objetivo promover e divulgar a cultura e os valores civilizatórios dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana e; fortalecer institucionalmente suas organizações representativas.

Serão contempladas quatro linhas temáticas: 1) Capacitação: formação em (i) criação e gestão de associações, (ii) gestão de projetos, (iii) acesso às políticas sociais ou (iv) legislação voltada aos povos e comunidades tradicionais e direitos humanos; 2) Educação Ambiental: atividades de difusão, formação e articulação de educação ambiental para a garantia de uma relação sustentável das práticas tradicionais; 3) Práticas Tradicionais Alimentares e de Saúde: atividades de valorização, registro e resgate da alimentação tradicional e das práticas tradicionais de saúde. 4) Intercâmbio e Fortalecimento Cultural: (i) oficinas de transmissão de conhecimentos e práticas tradicionais e (ii) atividades que promovam a troca, a interação e a atuação em rede no Brasil envolvendo as principais matrizes africanas aqui preservadas: Banto, Yorubá e Ewe Fon.

As instituições proponentes devem ser cadastradas, credenciadas e apresentar proposta no Portal de Convênios – SICONV, junto ao Órgão 20126 – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Programa 202620130001, Chamada Pública 001/2013.

Combate ao racismo – Em 2007, o Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro, instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, definidos como grupos que se organizam a partir dos valores civilizatórios e da cosmovisão trazidos para o país por africanos para cá, transladados durante o sistema escravista, o que possibilitou um contínuo civilizatório africano no Brasil e a constituição de territórios próprios caracterizados pela vivência comunitária, pelo acolhimento e pela prestação de serviços à comunidade.

No entanto, ao mesmo tempo, esses territórios tradicionais e suas lideranças são alvo de violência constante o que resulta em uma situação de extrema vulnerabilidade social e na consequente necessidade da formulação de políticas públicas.

O lançamento da chamada pública é uma das metas previstas no I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, lançado em janeiro, como resultado de uma ação interministerial e intersetorial coordenada pela SEPPIR, visando ao combate ao racismo e à defesa da ancestralidade africana no Brasil.

Clique aqui para fazer o download do Edital

IV ENCONTRO ESTADUAL DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO RIO DE JANEIRO - DE 17 A 19 DE MAIO DE 2013 - ARARUAMA - RJ







Projeto desenvolvido em comunidades quilombolas com parceria da SEPPIR será apresentado no Encontro, que acontece de sexta-feira até domingo (17 a 19 de maio) em Araruama (RJ)
O IV Encontro Estadual de Comunidades Quilombolas do Rio de Janeiro acontece entre sexta-feira e domingo (17 a 19 de maio), no município de Araruama. Na ocasião, será apresentado ao público o projeto “Apoio ao fortalecimento político e protagonismo das comunidades quilombolas do Rio de Janeiro”, financiado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e desenvolvido pela entidade ecumênica Koinonia, em parceria com a Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ).

A programação inclui também discussões sobre os contextos estadual e nacional que envolvem os quilombolas, bem como a montagem do cronograma de atividades e trocas de informações. Haverá ainda uma mostra de artesanato e de outros produtos feitos pelas comunidades.

Fruto de convênio entre SEPPIR, Koinonia e ACQUILERJ, o projeto tem a finalidade de desenvolver ações de formação em todo o estado, disseminando informações de forma a promover o protagonismo dos quilombolas nos processos decisórios e fortalecer a identidade étnico-racial, cultural e política do segmento.

 Entre os objetivos do convênio, está o apoio a ações de fortalecimento institucional das comunidades, com ênfase para a dimensão organizativa e de controle social. O projeto também prevê a criação de espaços de diálogo e intercâmbio direto para o movimento quilombola do Estado; a capacitação de lideranças em direito, legislação e políticas públicas específicas; e a elaboração e gestão de pequenos projetos locais.

A parceria também tem como objetivo manter espaço virtual de notícias em diálogo direto com as comunidades, além da produção de material impresso sobre direitos quilombolas.


Fonte: www.seppir.gov.br

Nota do blog: Infelizmente, o site não divulga local de realização e link para inscrição. Em breve, estarei divulgando maiores informações.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Requintes de perversidade... Meandros da escravidão

 


Crianças foram ganhando a preferência dos traficantes porque, entre outros aspectos, eram mais “maleáveis” que adultos, indicam novas pesquisas publicadas duzentos anos após a lei britânica que proibiu o comércio de escravos.

No fim da era escravagista, um em cada três africanos escravizados era criança, nas estimativas do historiador David Eltis, da Universidade de Emory, em Atlanta, um dos maiores especialistas mundiais no tema.

Segundo Eltis, cerca de 12,5 milhões de escravos deixaram a costa da África entre 1500 e 1867, quando se tem registro do último carregamento. Em torno de 10 milhões chegaram aos seus destinos nas Américas.

Nos cálculos do pesquisador, dos 5,5 milhões de pessoas que tinham como destino o Brasil, apenas 4,9 milhões desembarcaram em portos brasileiros.

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Dos séculos XVI ao XIX, um número estimado de 20 milhões de africanos cruzaram o Atlântico para as Américas no comércio transatlântico de escravos. Usado em plantações de todo os Estados Unidos, América Latina e Caribe, escravos africanos foram enviados em grande parte da África Ocidental. Com uma vida média de cinco a sete anos, a demanda por escravos da África crescia cada vez mais entre os comerciantes do século XVIII. Até recentemente, os estudos sobre escravos raramente discutem as experiências das crianças no comércio de escravos transatlântico. Estima-se que um quarto dos escravos que cruzaram o Atlântico eram crianças. No entanto, a falta de fontes e uma falta de importância mantiveram suas histórias desconhecidas.

Escravização
Como os adultos, as crianças foram integrantes do comércio de escravos, só não tiveram variedade de fontes. As crianças geralmente se encontravam escravizados como prisioneiros de guerra. Quando os homens eram mortos em batalhas, mulheres, crianças e idosos se tornaram especialmente vulneráveis. Aqueles que não foram mortos ou resgatados foram vendidos como escravos. Caravanas comerciais freqüentemente seguidas por expedições militares esperavam pacientemente aos têxteis e bens de câmbio para o câmbio de cativos. Em algumas áreas da África Ocidental, o sequestro foi um método popular de aquisição de crianças. As crianças foram capturados durante o trabalho nos campos, andando nos arredores da cidade, ou inocentemente jogando fora, longe da vista dos pais. Para que as comunidades pudessem fazer face às despesas em tempos de fome, famílias, por vezes vendiam seus filhos como escravos. Muitas crianças também encontraram-se como peões ou papel de troca de negociação para pagar dívidas ou crimes cometidos por seus pais ou parentes. Alguns pais venderam as crianças que estavam com problemas de saúde, exigido necessidades especiais.

Da Viagem a Venda
O que aconteceu nos dias, semanas ou até meses que se seguiram a sua captura ou venda foi um turbilhão de acontecimentos que tiveram efeitos devastadores sobre as psiques dos escravizados. Algumas crianças foram vendidos imediatamente, aumentando o contingente de escravos com destino ao litoral. Outros foram vendidos várias vezes. Muitas crianças nunca saíram do interior e permaneceram escravos na África. Outros morreram em algum lugar da rota feita no mar, juntamente com milhares de outros escravos, jovens e velhos.

Preferências
Para aquelas crianças que chegaram à costa, eles foram levados para uma fábrica, castelo ou posto de troca, onde foram vendidos para comerciantes que colocaram em celas com outros escravos. Os comerciantes, em seguida, retiravam os restos de roupas que possuíam e lubrificavam seus corpos com óleo de palma. Muitas vezes, os comerciantes do litoral lhes raspavam a cabeça. Uma vez adquiridos, os comerciantes do litoral geralmente marcavam os escravos com o símbolo da empresa comercial ou nome do proprietário em seu peito.

Os comerciantes geralmente definida como qualquer criança abaixo de 1,30 de altura, e aqueles escravos que embarcaram com filhos, receberam autorização para manter as crianças sem restrições no convés com as mulheres. Aqueles que viajaram no convés, ocasionalmente, receberam tratamento especial e atenção do capitão e da tripulação, que deram-lhes suas roupas velhas, ensinou-os jogos, ou até mesmo como a velejar. Outras crianças, se recusaram a jogar ou até mesmo comer. Algumas crianças, seguravam firmemente nos braços reconfortantes das mulheres, choraram durante toda a noite. Filhos mais altos, foram colocadas no porão, com adultos, onde eles experimentaram condições horríveis, insalubres. Qualquer que fosse o seu tamanho, chorando ou deixando de comer ou dormir resultou em punição severa.

Embora as crianças recebessem algum tratamento preferencial, a maioria delas sofreram experiências semelhantes, se não igual aos adultos que viajam ao lado deles. Este tratamento preferencial em viajar fora do porão deu às crianças uma chance de sobrevivência, mas os protegia do castigo corporal, desnutrição e doenças. Durante a travessia, através do Atlântico, que duravam de um mês a três e até mais , dependia dos ventos, as crianças tiveram altas taxas de mortalidade. Muitos sucumbiram a doenças que acompanharam cada viagem até outro lado do Atlântico, especialmente vermes intestinais. Às vezes as crianças doentes eram atirados ao mar na esperança de que sua doença não se espalhasse para o resto da carga de escravos.

A Demanda por crianças
Até o século XVIII a maioria das empresas comerciais tiveram pouco ou nenhum desejo de adquirir as crianças da costa da África, e incentivaram os seus capitães para não comprá-las. As crianças eram um risco, e muitos fazendeiros e comerciantes que compraram deles perderam dinheiro em seus investimentos. Porque as crianças (especialmente os jovens e crianças) eram vulneráveis à doença, o custo do transporte deles abaixou margens globais lucros. Além disso, as crianças africanas não seria capazes de realizar trabalhos forçados ou produzir qualquer descendência, nem mesmo os maiores. Como resultado, somente se solicitado por um fazendeiro ou comerciante trazia-se crianças, as crianças eram extremamente difíceis de vender nos mercados das Índias Ocidentais.

Em meados do século XVIII, no entanto, os fazendeiros economicamente dependentes do comércio de escravos passaram a depender de crianças e jovens. Como o movimento abolicionista cada vez mais ameaçada a sua oferta de escravos, os fazendeiros adotaram a estratégia de importar escravos mais jovens que viveriam mais. Saldo, a juventude tornou-se um ativo atraente sobre os blocos de leilão dos mercados de escravos. Passaram a comprar mais mulheres para reproduzir e crianças, a fim de salvar seus interesses econômicos, os comerciantes modificaram suas idéias de lucro, risco, passaram a valorizar criança mudando toda a outra porção do Mundo Atlântico.

"A escravidão acabou, a “roda dos expostos” acabou, a obrigação dos cativos acabou. No entanto, o que se constata através das notícias que nos chegam é que não acabou a exploração do trabalho infantil, o abandono de recém-nascidos e de crianças mais velhas e nem o autoritarismo em algumas instituições educacionais, familiares e governamental. Supondo-se haver um local de retirada de carvão, pedras preciosas ou semi, lavoura de cana-de-açúcar em locais distantes, que necessitem de mão-de-obra barata e fora do “braço da lei”, teremos aí o trabalho escravo, inclusive o infantil. São freqüentes os relatos sobre pedofilia, praticados por “homens de bem” e “pais de famílias”, que abusam sexualmente de crianças e adolescentes. Estariam de volta os senhores de engenho e seus capatazes, disfarçados com paletós e colarinhos brancos, que, por acaso, trabalham para o bem do povo?

Muitas crianças morriam na época do Império por causa da falta de higiene e do desconhecimento da medicina. Aparentemente, havia pouca informação sobre como lidar com as crianças pequenas. Hoje, porém, passados séculos, as crianças continuam a morrer de frio, de falta de cuidados, de falta de consideração, de fome. Impera a lei da selva, onde só sobrevive o mais forte e o mais esperto. Através dos noticiários das redes de televisão que sempre estão presentes nas rebeliões, vemos presídios, penitenciárias e instituições para menores infratores lotadas de pessoas por falta de políticas desenvolvidas para que se evitasse esta situação. Como desenvolver políticas que abranjam a todos, dando oportunidade de empregos, escolas, saúde e moradias com dignidade?

A questão que se traz nesta abordagem é uma reflexão para uma atualidade referente às políticas para a infância no Brasil e suas implementações falhas, no sentido de assegurar e proteger a infância, como um tempo de formação na vida do indivíduo, fundamental para toda a sociedade que quer preservar modos de vida e de cultura, nos faz considerar que a maneira de se conceber a infância, nos períodos tratados, divergia, consideravelmente, da forma como se concebe a infância nos dias de hoje e que a marginalização da infância continua a existir em alto grau, sobretudo dos filhos das classes desfavorecidas e em especial a criança negra. A morosidade da implementação das políticas para a infância, sua execução e formas de fiscalização deficientes se apresentam como uma das importantes causas da infância roubada no país, desde os tempos coloniais." (História da Bahia)

FONTES: Jovens e crianças na história, História da Bahia, BBC Brasil

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Acontece






A Deputada Lecy tá arrebentando!!


Em briga de marido e mulher, se mete a colher!!



Para comemorar os 10 anos de ações voltadas à mulher brasileira, o Instituto Avon lança o concurso de vídeos “Em Briga de Marido e Mulher Se Mete a Colher”. O concurso visa chamar atenção para a causa da violência doméstica e suas diversas formas de manifestação e prevenção.

A regra é que os vídeos sobre o tema tenham no máximo 60 segundos de duração. As inscrições são feitas pelo site do MinutoAd (www.minutoad.com.br) até o dia 10 de Agosto. A data de encerramento casa com o mês de aniversário da Lei Maria da Penha, que combate a violência doméstica. O Instituto Avon distribuirá até R$ 10 mil em prêmios para os melhores vídeos:

1º colocado – Prêmio aquisição Instituto Avon – R$ 5.000,00
2º colocado – Prêmio aquisição Instituto Avon – R$ 3.000,00
3º colocado – Voto popular – R$ 2.000,00

Para meter a colher,clique aqui.
Cartaz_briga_email

Sobre o MinutoAd

O MinutoAd é um desafio. A empresa ou instituição patrocinadora do concurso desafia você a criar um video de até um minuto sobre uma ideia ligada a marca da empresa ou instituição. As melhores ideias e contribuições receberão prêmios em dinheiro ou, por vezes, em produtos e serviços. A empresa define o briefing, lança o desafio e fica responsável pela seleção do conteúdo. As regras e os objetivos de cada concurso, bem como os prêmios disponíveis, são descritos na página de cada concurso.

Sobre o Instituto Avon – 10 anos de dedicação à saúde e ao bem-estar da mulher

O Instituto Avon foi criado em 2003, como organização não governamental com a missão de coordenar no Brasil as campanhas defendidas pela Avon globalmente: a detecção precoce do câncer de mama e o enfrentamento da violência doméstica. No Brasil, as campanhas receberam a denominação Avon Contra o Câncer de Mama e Fale Sem Medo – Não à Violência Doméstica, para as quais o Instituto Avon já direcionou R$ 43 milhões, apoiando mais de 80 projetos. Em 2012, as campanhas ganharam o apoio da modelo e empresária Luiza Brunet, que se tornou Embaixadora do Instituto Avon, endossando as iniciativas das campanhas em todo país. Em 2013, a instituição celebra 10 anos de atuação no país, tendo beneficiado mais de 2 milhões de brasileiras no período.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Acontece

Roda de Samba do Cacique de Ramos – Encontro de Sambistas em homenagem à Renatinho Partideiro.



Neste domingo (19) a partir das 17h, a roda de samba e partido alto, do Cacique de Ramos, comandada pela prata da casa, o Grupo Quinteto Cacique, vai receber amigos e celebridades da música para homenagear o mestre Renatinho Partideiro.

Marquinhos de Osvaldo Cruz, Marquinhos Sathan e Adriano Ribeiro são alguns dos que já confirmaram presença no encontro, que contará também com os cantores: Moisés Santiago, Bandeira Brasil, Cassiana Perola Negra, Anderson Baiaco, Ricardo Rachado, César Veneno, Carlos Caetano, Bira Show da Mangueira, Caixa D água da Portela, Chiquinho Vírgula, Marcelo Negrão, Andréia Caffé, e muitos mais.

Bira Presidente reconhece a estima destes artistas à Renatinho Partideiro, e ao Cacique de Ramos, e junto a sua diretoria apóia a iniciativa da justa homenagem, que contará ainda com a presença de todas as alas do bloco, do qual Renatinho Partideiro foi também intérprete, nos desfiles da Avenida Rio Branco.

O cantor Renato Cardoso Neves, aos 50 anos, se despediu do mundo material, deixando um legado para música brasileira, a sua forma de cantar, o seu vasto repertório recheado de clássicos do samba de raiz, e do partido alto, fez de Renatinho Partideiro um ícone, uma referência para o samba.

O Cacique de Ramos fica na Rua Uranos 1326 em Olaria – Rio de Janeiro.

A entrada é gratuita e a classificação livre.

Roda de Samba do Cacique de Ramos – Encontro de Sambistas em homenagem à Renatinho Partideiro

Data: 19 de Maio de 2013
Horário: 17 às 23:30h
Local: Quadra do G.R. Cacique de Ramos.
Endereço: Rua Uranos, 1326 – Olaria.
Mesas a R$. 10,00
Entrada Franca

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Acontece

Acontece


MANIFESTO 13 DE MAIO

'Com isto, os negros que durante todo o regime escravista lutaram continuamente, não conseguiram no seu final a hegemonia do processo. O abolicionismo foi institucionalizado para preservar os interesses dos brancos proprietários de terras e capitais. Se houve redenção, portanto, na passagem do escravismo para o capitalismo, dependente ela é dos que “libertaram” o negro de forma como o fizeram, a fim de conservá-lo até hoje discriminado em todos os níveis da sociedade brasileira. Com a Abolição foram criados novos níveis de privilégios e novas formas de opressão: só não vê isto quem não quer e o pior cego é aquele que não quer ver.'
                                                                    
                                                                 Jerônimo Silva, coordenador da Unegro


 




Quem me conhece, sabe exatamente o que penso a respeito do que está escrito nos livros escolares. O 13 de Maio, como data referencial histórica para a 'abolição da escravatura' no Brasil, foi uma farsa política, previamente traçada, com o objetivo de livrar-se de uma mão de obra que já não interessava a nova ordem economica vigente. Apenas. E com todos os requintes de crueldade que a escravidão já havia imposto aos nossos ancestrais.

O início da era da industrialização no país, com foco na indústria cafeeira, não comportava a mão de obra escrava, a tanto tempo na labuta na monocultura da cana. Desde que este fato político foi desenhado, incluso nele a estratégia de trazer os europeus como 'mão-de-obra qualificada', nossas vidas como hoje a compreendemos, e de todas as gerações que nos precederam, foram desenhadas. Através de Lei que passa a regulamentar a posse das terras brasileiras através de documentos de compra e venda ou herança, foi dado o primeiro passo para libertarem-se eles, os barões, do compromisso de alimentar seus escravos. Num Brasil onde a propriedade era determinada pelo 'cerque até onde minha vista alcança', nenhum negro forro poderia mais cercar nada, tudo já teria dono antes da 'abolição'. Esta foi uma política adotada.

A Lei do Ventre Livre e a Lei do Sexagenário, foram outras maneiras de construção desta política. Afinal, com quem ficaram estas crianças nascidas no período? Servindo a quem para se alimentar? E nossos idosos? Muita gentileza oferecer 'liberdade' a quem passou a vida trabalhando 16 horas por dia, e aos sessenta anos já não se aguentava mais, se é que conseguissem chegar a esta idade antes de sucumbir aos açoites das senzalas.
Falo com propriedade de bisneta de negra nascida na Lei do Ventre Livre, com quem tive o privilégio de conviver até meus 14 anos de idade, e de onde pude receber toda uma gama de informações que marcam a formação de meu caráter e de minhas ideologias.
Nasceu livre, mas foi criada na senzala. Estuprada sucessivas vezes por um maldito barão, mãe de dois filhos, chegou ainda muito jovem ao bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro, reduto tnto de negros quanto de portugueses e italianos, lavou muita roupa para sobreviver e criar sua prole.  E, com muita sorte, muito trabalho, muita humilhação e muita fé, conseguiu.
 


Como poderia eu comemorar uma data em que nossos ancestrais foram jogados na rua como restos de um período que já não interessava politicamente? Repito: todas as desigualdades a que somos submetidos diariamente são fruto de uma política de governo!!! Sabe quando eu vou comemorar? Quando a reparação ao povo negro for feita nos parâmetros da reparação oferecida aos perseguidos políticos, por exemplo. Quando houver uma comissão para investigar e reparar a nossa verdade. Não, eu não surtei. Apenas acredito que nossa história foi escrita em cima de sangue, estupros, sequestros, assassinatos, e merecemos reparação. Nenhum de nós aberá quantificar seus ancestrais negros assassinados, porque sequer temos o direito de uma árvore genealógica com informações seguras de nossas raízes desde a Africa. Sabemos que de lá viemos, e que por isto a luta é uma só. Quem morreu de fome, banzo ou escorbuto nos porões, não deixou nome. As vítimas de tortura nas senzalas não deixaram nome. Mas nós sabemos exatamente de onde viemos.

 

E sabemos que é por este motivo que nossos jovens negros continuam sendo assassinados. Por este motivo que são alvo e gatilho na violencia que nos assola diariamente. Por este motivo que não há uma política que definitivamente proíba o comércio do crack, que vem devastando e bestializando com muita eficácia. Por este motivo que nossas manifestações culturais vem sendo anuladas sistematicamente em troca de lixo cultural e pseudo-religiosidade. Por este motivo que eu quero as cotas. Por este motivo é que eu não me calo. Pois da mesma maneira que meus ancestrais deixaram impressos em minha alma o incomodo da escravidão, deixaram também uma carne dura, teimosa, e que sabe exatamente o valor da RESISTENCIA.

Andrea Tinoco


Luto - Morre Renatinho Partideiro



Renatinho Partideiro veste a camisa do Cacique: sambista morreu no sábado 11 de maio Foto: Jô Oliveira / Agência O Globo

RIO - O Cacique de Ramos perdeu na noite do último sábado um dos maiores ícones do samba do bloco. Renato Cardoso Neves, mais conhecido como Renatinho Partideiro, não resistiu após ser levado ao Hospital Salgado Filho, no Méier, com um quadro de insuficiência renal crônica. Aos 50 anos, Partideiro foi um dos nomes mais célebres do Cacique de Ramos e ficou conhecido pela habilidade de criar versos de improviso em rodas do partido alto.
Nascido e criado entre as comunidades do Morro do Urubu, em Pilares, o sambista, quando criança, ia para a quadra da Caprichosos de Pilares, reduto fundado por membros de sua família, observar os partideiros. Foi por lá que começou a carreira, após comprar um gravador, instrumento que serviu para testar seus improvisos.
Peça importante na revitalização do Cacique de Ramos, Partideiro se consagrou como líder da roda de samba que acontece todos os domingos no bloco. Em 2000, participou com uma canção própria do CD “Pagode de mesa”, de Beth Carvalho. Além disso, fez parte de vários projetos, entre eles a gravação do CD independente “Prazer: Partido Alto”, produzido pelo Centro Cultural Cartola em 2012, com a participação de grandes nomes do samba, como Tantinho da Mangueira, Marquinho China e Serginho Procópio.
O sambista participou ainda da gravação do longa-metragem “Partideiros”, produzido por Tuninho Galante e dirigido por Luiz Guimarães de Castro, que traça um panorama do gênero partido alto, e tem pre-estréia prevista para o próximo dia 16 no Instituto Moreira Salles, na Gávea.
O corpo de Renatinho Partideiro, que deixa um filho, foi enterrado na tarde de domingo no Cemitério de Inhaúma. A missa de sétimo dia será realizada na quadra do bloco.






Nota do blog:

Neste domingo, o Cacique ficou em silencio, com uma dor que calou fundo em cada coração. Renatinho deixou um legado de respeito ao samba, a sua essencia primeira. Não há sambista neste Rio de Janeiro que já não tenha bebido nesta fonte inesgotável de rimas perfeitas. Pouco divulgado pela mídia, num destes mistérios que não conseguimos compreender, Renatinho era respeitado como ícone de uma geração de sambistas que preconizava a elegancia no samba, a alegria e a poesia com sabor de fundo de quintal. Para quem teve a honra de desfrutar de sua amizade, foi desde sempre aquela pessoa com a palavra certa, na hora certa. Acompanhamos sua luta pela vida, e como lição maior ficou sua perseverança, aquele sorriso que transmitia tranquilidade. Descanse em paz, Renatinho, mas saiba que deixa muita saudade a todos aqueles que puderam acompanhar a maestria do seu samba e de sua conduta como um ser humano capaz de despertar tanta admiração.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Entendam a luta!





Moça em uma escola de ativistas negros, sendo treinada para não reagir a possíveis provocações que poderia sofrer tanto na sociedade, quanto nas escolas, 1960.

Muitas pessoas conhecem a história de Rosa Parks, a mulher que se recusou a levantar de seu assento no ônibus para dar lugar a uma pessoa branca em 1955. No entanto, poucas pessoas sabem que 4 meses antes, Rosa cursou uma oficina/escola de desobediência civil na Highlander Folk School do Tennessee, para não reagir a provocações que pudesse sofrer.

Eve Arnold fotografou uma moça que também passa por uma escola preparatória do mesmo tipo daquela de Rosa Parks, aprendendo a não revidar a puxões de cabelo e baforadas de cigarro em seu rosto.

Talita Lopes Cavalcante
Administração Imagens Históricas

Foto: Eve Arnold

Já conhece? É ótima!!!




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Acontece

terça-feira, 7 de maio de 2013

BASTA!


Lançado Relatório de Gestão 2012 do Programa Brasil Quilombola

Foto: Lançado Relatório de Gestão 2012 do Programa Brasil Quilombola
http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/05/lancado-relatorio-de-gestao-2012-do-programa-brasil-quilombola 
De acordo com o relatório, a estimativa é de que existem no Brasil 214 mil famílias e 1,17 milhão de quilombolas, dos quais 92,1% se autodeclaram pretos ou pardos. Existem também, 2.197 comunidades reconhecidas oficialmente pelo Estado brasileiro; 2.040 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP), sendo 63% delas no Nordeste; 1.229 processos abertos para titulação de terras no INCRA e; 207 comunidades tituladas com área total de 995,1 mil hectares, beneficiando 12.906 famílias.


Coordenado pela SEPPIR e gerido por comitê formado por onze ministérios, objetivo do PBQ, lançado em 2004, é consolidar os marcos da política de Estado para as áreas quilombolas.
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), coordenadora do  Programa Brasil Quilombola (PBQ), divulga o relatório de gestão de 2012 da ação, lançada em 2004, com o objetivo de consolidar os marcos da política de Estado para as áreas quilombolas. (Faça o download do arquivo)
De acordo com o relatório, a estimativa é de que existem no Brasil 214 mil famílias e 1,17 milhão de quilombolas, dos quais 92,1% se autodeclaram pretos ou pardos. Existem também, 2.197 comunidades reconhecidas oficialmente pelo Estado brasileiro; 2.040 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP), sendo 63% delas no Nordeste; 1.229 processos abertos para titulação de terras no INCRA e; 207 comunidades tituladas com área total de 995,1 mil hectares, beneficiando 12.906 famílias.
Com relação aos dados socioeconômicos, o documento aponta que 80 mil famílias quilombolas estão cadastradas no CADÚnico do Governo Federal e, destas, 64 mil famílias ou 79,78% do total, são beneficiárias do Programa Bolsa Família. Vivendo em situação de extrema pobreza estão 74,73% das famílias quilombolas, embora 82,2% desenvolvam atividades agrícolas, extrativismo ou pesca artesanal.
O Programa tem gestão descentralizada, realizada por um Comitê com representantes de onze ministérios, além de comitês estaduais, interlocução com órgãos estaduais e municipais de promoção da igualdade racial (PIR), associações representativas das comunidades quilombolas e outros parceiros não-governamentais.
Decreto 4887/2003 define quilombolas como grupos étnico-raciais segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
A questão quilombola é trabalhada no Governo Federal em algumas frentes. Em 2007, face aos desdobramentos do PBQ, foi instituída a Agenda Social Quilombola que agrupa as ações voltadas às comunidades nos eixos: 1) Acesso à Terra; 2) Infraestrutura e Qualidade de Vida; 3) Inclusão Produtiva e Desenvolvimento Local e; 4) Direitos e Cidadania.
No Plano Plurianual (PPA), a pauta entrou pela primeira vez na peça de 2004-2007. Já no Plano Brasil Maior (2012-2015), o programa temático 2034 - Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial, de execução da SEPPIR, prevê iniciativas de coordenação, monitoramento e avaliação das ações governamentais voltadas para as comunidades quilombolas, assim como ações previstas em mais 14 programas temáticos, contemplando iniciativas de ministérios que compõem o Comitê Gestor do PBQ e outros.
O Programa Brasil Quilombola também contribui para o alcance dos objetivos do Plano Brasil sem Miséria, já que uma significativa parcela das comunidades quilombolas é público-alvo do Brasil sem Miséria.
Seguindo a estrutura que aponta resultados em cada eixo temático, o relatório 2012, faz um apanhado não apenas de ações pontuais realizadas no ano anterior, mas daqueles que ocorrem continuamente desde a implantação do PBQ.
Comitê Gestor
O Comitê Gestor do PBQ é composto por representantes dos seguintes órgãos: Casa Civil da Presidência da República (CC/PR) e Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA),  Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Cultura (MinC), Cidades, Educação (MEC) e Saúde (MS), Trabalho e Emprego (MTE), Integração Nacional (MI) e Minas e Energia (MME), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Fundação Cultural Palmares (FCP), Fundo Nacional da Educação (FNDE) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

Acontece

Acontece

Ministras Luiza Bairros e Eleonora Meniccuci assinam protocolo de enfrentamento ao Racismo Institucional e Desigualdade de Gênero nesta quinta-feira, em Brasília




Compromisso será assumido pelas ministras da Seppir e SPM e por representantes de agências da ONU, nesta quinta-feira (09/05), em Brasília. Na ocasião, das 9h às 10h30, será realizada uma coletiva de imprensa e serão lançadas duas publicações inéditas para orientar instituições públicas no diagnóstico e construção de plano de enfrentamento aos problemas.
O enfrentamento ao racismo é uma das metas de políticas e programas prioritários desenvolvidos pelos órgãos públicos? As equipes estão treinadas para reconhecer a diversidade de sujeitos e de demandas? O quesito raça/cor é preenchido na instituição segundo as categorias de classificação do IBGE?
Perguntas como estas parecem simples, mas podem ser o primeiro passo no enfrentamento de um grave problema: o racismo institucional – que se mantém na estrutura da sociedade brasileira, muitas vezes, pela simples inércia da gestão pública em identificar e combater o problema.
Definido como o fracasso das instituições em garantir direitos e acesso a serviços às pessoas em virtude da sua raça/cor e sexo, o racismo institucional se expressa tanto no interior das instituições – desde os processos seletivos e programas de progressão de carreira – quanto no processo de formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas.
Por isso, especialistas destacam a urgência de se criarem mecanismos capazes de quebrar a invisibilidade do racismo institucional, estabelecendo novas proposições e condutas, sobretudo na gestão pública.
Para auxiliar nessa frente, um grupo de trabalho – formado por especialistas de organizações feministas e do movimento negro, do Governo Federal e do Sistema ONU – elaborou duas publicações inéditas no País: o "Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional e Desigualdade de Gênero" e o texto "Racismo Institucional – uma abordagem teórica".
As publicações foram pensadas como instrumentos para que instituições públicas se avaliem, construam seus diagnósticos, indicadores e estratégias, fortalecendo o compromisso do Estado e da sociedade com o enfrentamento do racismo institucional, vivenciado cotidianamente pela população negra no Brasil, sobretudo pelas mulheres.
O lançamento contará com a presença das ministras Luiza Bairros (Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial / Seppir) e Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República / SPM/PR), e de chefes de agências da ONU (ONU Mulheres, OIT e PNUD), que assinarão na ocasião um Protocolo de Enfrentamento ao Racismo Institucional em suas instâncias e participarão de coletiva de imprensa.
O evento acontece nesta quinta-feira, dia 9 de maio de 2013, em Brasília, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Setor de Embaixadas Norte - Lote 19, Brasília/DF) das 9h às 10h30.
Para mais informações contatar:
Em São Paulo: Débora Prado - Tel.: (11) 3262 2452
Em Brasília: Flávia Azevedo - Tel.: (61) 9998 4895


Fonte: www.cfemea.org.br


Medicina reconhece obsessão espiritual.


 
Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos. Medicina reconhece obsessão espiritual. Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

"Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida... Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também...Uma nova postura da medicina frente aos desafios da Espiritualidade. Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da Alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da Alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da Alma, do Espírito. No entanto, quero rectificar, actualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar Espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar Espiritual, isto é, o sofrimento da Alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: Mente, corpo e Espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Biológico, psicológico e Espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou actuação dos Espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade. Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões Espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da Alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Por: Osvaldo Shimod

“Eu não sou colorida, eu sou negra” diz ministra italiana insultada por racistas

 



Desde que a nova ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge foi nomeada no último sábado (04), vem recebendo insultos de militantes, por ser negra e por ser mulher. Em resposta, disse não acreditar que a Itália seja um país racista. Sites de extrema-direita a têm rotulado com nomes como “macaco congolês”, “Zulu” e “a negra anti-italiana”. Rejeitando o termo “de cor”, usado por membros da imprensa italiana para descrevê-la, Kyenge disse: “Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho”. 
Além dos militantes, Mario Borghezio, membro da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi também desferiu insultos com toques de racismo contra Kyenge. Ao se referir a ela, Borghezio chamou a coalizão de Letta um “governo bonga bonga”, uma brincadeira com o termo “bunga, bunga”, atribuído a Berlusconi e disse que ela parecia ser “uma boa dona de casa, mas não uma ministra”. Kyenge rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos deputados, Laura Boldrini, qualificou como “vulgaridades racistas”. 
Borghezio criticou a ministra, porque ela planeja pressionar por uma legislação, à qual a Liga do Norte é contrária e que permitiria às crianças nascidas na Itália de pais imigrantes obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la. “Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos”, disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus estudos em medicina. 
Kyenge é casada com um italiano e disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditava que as atitudes hostis derivavam principalmente da ignorância. Já Laura Boldrini disse ao jornal La Repubblica nesta sexta (03) que recebe ameaças de morte online diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente ofensivas. “Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista dispara contra ela, sejam simples fofocas simples ou violentas... sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão”, disse Boldrini. 
As informações são da Folha de S.Paulo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social contempla Comunidades Tradicionais

Sétima edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social está com inscrições abertas até 31 de maio e traz duas novas categorias. Outra novidade é a premiação, em dinheiro, para os segundos e terceiros lugares em cada categoria.

 Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social contempla Comunidades Tradicionais

Além das categorias “Juventude”, “Mulheres” e “Gestores Públicos” a edição 2013 do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social traz duas novas categorias: “Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária” e “Instituições de ensino, Pesquisa e Universidades”. Na primeira, concorrem tecnologias sociais que tenham proporcionado a inclusão socioprodutiva de povos tradicionais, agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Na segunda, deverão ser identificadas tecnologias sociais desenvolvidas por instituições de ensino, pesquisa e universidades que tenham propiciado a inclusão socioprodutiva dos participantes.

Outra novidade desta sétima edição é a premiação dos segundo e terceiro lugar em cada categoria. Enquanto o primeiro lugar vai levar R$ 80 mil para utilização no projeto vencedor, a segunda e a terceira tecnologia social vencedora ganha R$ 50 mil e R$ 30 mil, respectivamente, cada uma.

No âmbito do Prêmio, a inclusão socioprodutiva tem como foco propiciar o acesso a oportunidades de trabalho e renda e contribuir para uma educação integrada e participativa; e tem, como perspectiva, a conquista de autonomia para uma vida digna sustentada e a emancipação social, política e produtiva dos indivíduos, potencializando os valores das comunidades e o saber-fazer local.

Também no que diz respeito ao concurso são considerados comunidades e povos tradicionais os grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais. Possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios tradicionais, além de recursos naturais, como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Dentre outras, são comunidades tradicionais povos indígenas, quilombolas ou ribeirinhos, por exemplo.

O manual de inscrição e o regulamento com mais informações sobre o Prêmio estão disponíveis no ww.fbb.org.br_tecnologiasocial

Prêmio 2013 – Realizado a cada dois anos pela Fundação Banco do Brasil, o Prêmio certifica como “Tecnologia Social” metodologias bem sucedidas, desenvolvidas na interação com a comunidade, que resultam em transformações efetivas na vida das pessoas. O Prêmio é realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, a Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás, a KPMG Auditores Independentes, além da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). As Tecnologias Sociais certificadas pela Fundação Banco do Brasil passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS), uma base de dados on-line disponível no site: ww.fbb.org.br_tecnologiasocial_  e que contém informações sobre as tecnologias e instituições que as desenvolveram.

RAÇA


Quem estiver no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília no dia 17 de maio já tem compromisso marcado.

Seu encontro é nos cinemas com um filme sobre a igualdade.

Da Congada a Senzala


 
"A Congada no Brasil começou assim: quando os negros viviam na senzala e o fidalgo senhor queria saber o que é que eles faziam; então, ajuntaram-se os padres para colher os segredos dos negros. O que o negro fazia durante o dia, o senhor estava vendo, estava ouvindo; o que ele fazia fora de hora, à noite na senzala, o senhor não sabia. Então o padre falava para o negro:
Oh! Você tem que contar os seus pecados, contar tudo que você sente!
Então o negro ia dizer que ele matou uma leitoa, que ele fez a reza dele lá da África. Aí o padre falava que era pecado. Então o senhor descobria o segredo do negro porque o padre contava. Contava que eles tinham uma festa de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Mas eles faziam sozinhos à noite, nas matas."
Sr. Cândido Geraldo Ananias, "Tio Candinho", em depoimento gravado no segundo semestre de 1993



Ao contrário da maioria das festas populares e religiosas fundamentadas por passagens históricas ou mesmo por lendas que compõem o imaginário da civilização ocidental e que trazem em sua simbologia a síntese do espírito cristão, a Congada se constitui em sua essência pela espiritualidade advinda de religiões africanas, como os Candomblés e a Umbanda.


Surgida no Brasil com a vinda de povos africanos de origem Banto, oriundos das regiões do Congo, Moçambique, Mina, Angola, entre outras, aqui tornados escravos, a Congada é uma manifestação característica da cultura afro-brasileira que encontrou no sincretismo religioso um meio de resistir ao domínio e à imposição etnocêntrica dos valores culturais e religiosos do homem branco. Assim, com expressões como a Congada, os povos negros trazidos para o Brasil, e aqui barbaramente subjugados, sustentaram sua fé com a manutenção de seus rituais religiosos. 

A forma de preservação de sua identidade étnica e de seus valores culturais foi a assimilação e a incorporação de elementos da religiosidade católica, num processo de reelaboração simbólico-religiosa em que orixás e santos encontraram um espaço de coexistência dentro do terreiro. Mas essa não foi uma experiência histórica pacífica, pois até hoje os ritos afro-brasileiros esbarram em preconceitos quando buscam ganhar as ruas e outros espaços públicos, sobretudo se tentam adentrar à liturgia da Igreja Católica tradicional.

Com fortes variações regionais, as Congadas podem ser vistas em quase todo o território brasileiro, sendo muito expressivas no interior dos estados de Minas Gerais e de São Paulo. Em Minas, principalmente, percebe-se um rico patrimônio da cultura afro-brasileira, devido ao grande contingente de negros trazidos como escravos durante o período setecentista, quando se assistiu à exploração das minas de ouro e pedras preciosas pela Coroa de Portugal. Mas mesmo dentro do estado mineiro, podemos identificar diferenças entre as Congadas das cidades do Ciclo do Ouro e do Diamante e as do Triângulo Mineiro. Essas diferenças são resultantes da maior ou menor interferência dos componentes simbólicos católicos nos rituais africanos que, não obstante, relutaram por sobreviver. 

Nas cidades do Ciclo do Ouro e do Diamante, a Igreja exerceu um papel fundamental no processo abolicionista, servindo como instrumento de adequação dos ex-escravos a uma nova ordem socioeconômica, por meio de irmandades, com finalidades aparentemente assistencialistas, que inseriam os negros na sociedade, em sua nova condição de libertos. Essas irmandades, criadas no estado mineiro a partir do século XVIII para melhor controlar a produção das minas e, principalmente, impedir que houvesse desvio de ouro e pedras preciosas por parte dos negros, desempenharam, quando da abolição da escravatura, um papel de equilíbrio do sistema político-social. Isso devido ao fato de que a população negra, força de trabalho inadequada ao novo sistema econômico imposto pela Inglaterra, se tornaria um contigente de desempregados, destituídos de sua nação, impedidos de exercer sua cultura, seus valores morais e religiosos, e sem direitos garantidos nesse novo panorama social. Um contingente de homens insatisfeitos que não mais obedeceriam aos açoites, mas que ainda precisavam ser controlados.

Por haver a Igreja exercido em Minas esse papel de disciplinadora e de intermediadora da comunidade negra com a sociedade, percebemos, hoje, uma influência muito maior do catolicismo na Congada das cidades mais antigas, como Serro e Ouro Preto, do que nas da região do Triângulo Mineiro, principalmente em Uberaba e Uberlândia, de formação mais tardia e assentadas em outras bases econômicas, políticas e sociais. Nessas cidades, a presença dos símbolos da Umbanda é claramente visível na festa, pois a comunidade de congadeiros, menos reprimida pelas instituições católicas, privilegia a face africana do sincretismo, mais consciente da necessidade de resgate e da preservação de suas origens culturais e religiosas, o que só tem sido possível mediante a perpetuação dos cultos e à memória de seus antepassados.

Outros fatores também contribuíram para que houvesse variações regionais de uma mesma expressão da cultura afro-brasileira. Ao percorrer a história do negro no Brasil, desde a sua procedência africana até a descrição da sua aculturação no nosso território, autores como João José Reis e Eduardo Silva em Negociação e conflito. A resistência negra no Brasil escravista constataram grandes diferenciações no processo de constituição e resistência da cultura negra no país. Isso se deveu, acima de tudo, à vastidão do território africano, que era habitado por um grande número de etnias distintas entre si e que para cá se viram seqüestradas e distribuídas num território também vasto, mas de maior unidade política, ainda que guardasse significativas peculiaridades regionais. Acrescente-se a isso o fato revelador de que essas imigrações forçadas ocorreram ao longo de mais de 300 anos, aqui aportando em momentos distintos da nossa história, encontrando sociedades diferenciadas pelo tempo e, portanto, também propiciadoras de diferentes formas de aculturação tensa. Um bom exemplo é a organização dos negros na Bahia quando comparada com a ocorrida em outros estados. Ali, a cultura afro-brasileira adquiriu uma configuração historicamente marcada por uma maior atuação política. Isso devido, entre outros fatores, à heterogeneidade das etnias negras, ao grande número desta população e à decadência da província baiana que, após a descoberta das minas, perdeu seu posto de centro político, administrativo e econômico da colônia com a transferência da capital para a cidade do Rio de Janeiro.

Quanto ao aspecto religioso da Congada, se voltarmos a atenção para a participação da Igreja Católica na constituição da cultura negra do Brasil, veremos que mesmo aquelas características cristãs aparentemente puras, enraizadas nos cultos e folguedos de origem afro, tomaram nova forma. Assim, passaram a servir de veículo para a expressão da fé e da religiosidade de origem africana. Havendo, também, nesse processo, a participação da cultura indígena, como se pode, por exemplo, observar mediante a presença dos "caboclos", entidades ameríndias "recebidas" nos terreiros de Umbanda. Percebemos, então, um sincretismo religioso complexo, que caracteriza a Congada e tantas outras manifestações afro-brasileiras, não como uma simples assimilação da cultura do outro, imposta como forma de domínio, mas sim, como resistência política, por meio da qual é preservado um arcabouço cultural ao mesmo tempo em que se constrói outro, uma nova composição de símbolos e representações, a configuração de uma nova identidade. 

Ao exercer um papel de polícia simbólica e braço forte da ordem colonial, claramente expresso na fala de Tio Candinho, a Igreja Católica teve uma participação fundamental nesse processo. Para agregar o negro, que era considerado de espiritualidade inferior, ao seu corpo de fiéis e, dessa maneira, neutralizar o impacto que seus rituais de adoração aos orixás poderiam causar sobre a tradição cristã, essa instituição agiu com força e violência na sobreposição etnocêntrica de sua cultura em relação à africana. Usou da grande importância que os povos africanos dão à religiosidade, fazendo com que seus cultos nos fossem apresentados como folclore, depreciados em seus valores e significados. Estes, ainda hoje, permanecem, em grande medida, desconhecidos e ignorados por uma sociedade que, ao contrário do que nos diz o mito da democracia racial e cultural, encontra-se num lento processo de aprendizagem de convívio com as suas diferenças. Porém, apesar de tanta truculência e de tanto banzo, eis no Brasil a herança dos povos africanos que, com muito sacrifício e sofrimento, mas usando de muita astúcia e de brava resistência expressa na forma de revoltas, de fugas e na formação de quilombos, souberam preservar sua cultura. Dessa maneira, ajudaram a formar, muito além da cor da pele, esse país que, mundo afora, se tornou conhecido por sua riqueza cultural.

Foram a questões como estas, aqui apenas esboçadas, que nos ativemos quando da produção desse ensaio fotográfico sobre a "festa dos homens de cor", buscando assim registrar, além de sua beleza estética, a sua incomparável riqueza histórica. Realizamos então um trabalho que, embora não se pretenda antropológico, etnográfico ou definido por qualquer outro padrão científico ou mesmo estético, seja uma pequena, mas sincera, contribuição para o resgate e a preservação da nossa história. Essa bela festa que perpetua-se apenas pela força da tradição é um exemplo de tolerância e resistência cultural que ajuda a definir e a compor a singularidade de nosso país. Por isso, enxergarmos a Congada, é fundamental neste momento em que a imposição de uma política econômica globalizada ameaça desintegrar as culturas regionais, fundindo-as no amálgama da espetacularização, roubando-lhes, assim, a sua autenticidade. 
 


Fonte: www.photosynt.net