Centro de Referência, que foi antigo Cemitério de Escravos no Rio de Janeiro, inugura biblioteca com obras relacionadas a memória afro-brasileira.
Gabriela Nogueira Cunha
Uma biblioteca inaugurada em novembro de 2012 está movimentando ainda
mais o roteiro cultural da zona portuária da Gamboa, na cidade do Rio
de Janeiro. É a Biblioteca Pretos Novos, que conta com um acervo
bastante específico e totalmente em sintonia com a cultura da região:
são 450 obras dedicadas à memória afro-brasileira.
O espaço integra o Instituto Pretos Novos (IPN), que tem como objetivo
preservar a memória dos africanos recém-chegados da África e
desembarcados no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Criado em 1996,
o Instituto é sediado em um sítio arqueológico que abriga o antigo cemitério dos chamados pretos novos [Ver RHBN nº 70].
A coleção de obras da biblioteca está dividida em 11 seções, com temas
variados, como artes, literatura, cinema, música, história e
antropologia. É um verdadeiro deleite para os admiradores do tema e
frequentadores do IPN. “Quando cheguei lá, havia muitos livros
relacionados à história e à cultura não só afro-brasileira, mas também
africana. Há uma coleção rara só sobre a pré-história no continente
africano”, conta Kate Lane Paiva, curadora da biblioteca e especialista
em estética afro-brasileira, referindo-se à Coleção História Geral da África,
da Unesco. A biblioteca – cuja construção estava prevista no projeto de
2009 que transformou o IPN em Ponto de Cultura – contou com
investimento do Ministério da Cultura (MinC) e recebe doações de
colaboradores, como o próprio MinC e a Pallas Editora.
Com a ajuda da bibliotecária Lilian Paiva, Kate Lane deu início à
organização e à catalogação dos livros, separando-os por assunto e áreas
afins nas estantes. “E aí percebemos que as obras não contavam só a
trajetória da cultura afro-brasileira, mas dialogavam com a própria
história da cidade, principalmente do porto do Rio. Então, o acervo, de
alguma maneira, fala da história do local, de uma história viva, que
está ali literalmente sob nossos pés”, diz a curadora.
“Obras de referências sobre história da África, religião
afro-brasileira, arte, antropologia e arqueologia estão entre as mais
procuradas e, com a formação da biblioteca, este acervo pode ser
ampliado regularmente através das doações de autores, editores e
instituições”, explica o arqueólogo Reinaldo Tavares, responsável pela
pesquisa que dimensionou o tamanho total do cemitério dos Pretos Novos.
Ele acredita ainda que o IPN e a mais nova biblioteca têm um papel
“aglutinador” de entidades, como conselhos de direitos humanos,
religiosos, pesquisadores e militantes oriundos do movimento negro.
Saiba Mais
Biblioteca dos Pretos Novos
Rua Pedro Ernesto, 32/34
De terça a sexta, das 13h às 19h
Entrada franca
Fonte: www.revistadehistoria.com.br
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