Desde
que a nova ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge foi nomeada
no último sábado (04), vem recebendo insultos de militantes, por ser
negra e por ser mulher. Em resposta, disse não acreditar que a Itália
seja um país racista. Sites de extrema-direita a têm rotulado com nomes
como “macaco congolês”, “Zulu” e “a negra anti-italiana”. Rejeitando o
termo “de cor”, usado por membros da imprensa italiana para descrevê-la,
Kyenge disse: “Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com
orgulho”.
Além
dos militantes, Mario Borghezio, membro da Liga do Norte no Parlamento
Europeu, que foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi também
desferiu insultos com toques de racismo contra Kyenge. Ao se referir a
ela, Borghezio chamou a coalizão de Letta um “governo bonga bonga”, uma
brincadeira com o termo “bunga, bunga”, atribuído a Berlusconi e disse
que ela parecia ser “uma boa dona de casa, mas não uma ministra”. Kyenge
rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos deputados,
Laura Boldrini, qualificou como “vulgaridades racistas”.
Borghezio
criticou a ministra, porque ela planeja pressionar por uma legislação, à
qual a Liga do Norte é contrária e que permitiria às crianças nascidas
na Itália de pais imigrantes obterem a cidadania automática, em vez de
terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la. “Cheguei sozinha à
Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos”,
disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus
estudos em medicina.
Kyenge
é casada com um italiano e disse não ver a Itália como um país
particularmente racista e acreditava que as atitudes hostis derivavam
principalmente da ignorância. Já Laura Boldrini disse ao jornal La
Repubblica nesta sexta (03) que recebe ameaças de morte online
diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente
ofensivas. “Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista
dispara contra ela, sejam simples fofocas simples ou violentas...
sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão”, disse
Boldrini.
As informações são da Folha de S.Paulo.
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