segunda-feira, 13 de maio de 2013

Luto - Morre Renatinho Partideiro



Renatinho Partideiro veste a camisa do Cacique: sambista morreu no sábado 11 de maio Foto: Jô Oliveira / Agência O Globo

RIO - O Cacique de Ramos perdeu na noite do último sábado um dos maiores ícones do samba do bloco. Renato Cardoso Neves, mais conhecido como Renatinho Partideiro, não resistiu após ser levado ao Hospital Salgado Filho, no Méier, com um quadro de insuficiência renal crônica. Aos 50 anos, Partideiro foi um dos nomes mais célebres do Cacique de Ramos e ficou conhecido pela habilidade de criar versos de improviso em rodas do partido alto.
Nascido e criado entre as comunidades do Morro do Urubu, em Pilares, o sambista, quando criança, ia para a quadra da Caprichosos de Pilares, reduto fundado por membros de sua família, observar os partideiros. Foi por lá que começou a carreira, após comprar um gravador, instrumento que serviu para testar seus improvisos.
Peça importante na revitalização do Cacique de Ramos, Partideiro se consagrou como líder da roda de samba que acontece todos os domingos no bloco. Em 2000, participou com uma canção própria do CD “Pagode de mesa”, de Beth Carvalho. Além disso, fez parte de vários projetos, entre eles a gravação do CD independente “Prazer: Partido Alto”, produzido pelo Centro Cultural Cartola em 2012, com a participação de grandes nomes do samba, como Tantinho da Mangueira, Marquinho China e Serginho Procópio.
O sambista participou ainda da gravação do longa-metragem “Partideiros”, produzido por Tuninho Galante e dirigido por Luiz Guimarães de Castro, que traça um panorama do gênero partido alto, e tem pre-estréia prevista para o próximo dia 16 no Instituto Moreira Salles, na Gávea.
O corpo de Renatinho Partideiro, que deixa um filho, foi enterrado na tarde de domingo no Cemitério de Inhaúma. A missa de sétimo dia será realizada na quadra do bloco.






Nota do blog:

Neste domingo, o Cacique ficou em silencio, com uma dor que calou fundo em cada coração. Renatinho deixou um legado de respeito ao samba, a sua essencia primeira. Não há sambista neste Rio de Janeiro que já não tenha bebido nesta fonte inesgotável de rimas perfeitas. Pouco divulgado pela mídia, num destes mistérios que não conseguimos compreender, Renatinho era respeitado como ícone de uma geração de sambistas que preconizava a elegancia no samba, a alegria e a poesia com sabor de fundo de quintal. Para quem teve a honra de desfrutar de sua amizade, foi desde sempre aquela pessoa com a palavra certa, na hora certa. Acompanhamos sua luta pela vida, e como lição maior ficou sua perseverança, aquele sorriso que transmitia tranquilidade. Descanse em paz, Renatinho, mas saiba que deixa muita saudade a todos aqueles que puderam acompanhar a maestria do seu samba e de sua conduta como um ser humano capaz de despertar tanta admiração.

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