quarta-feira, 5 de junho de 2013

Agentes negros de São Paulo vão criar Fórum Permanente de Cultura Negra

Ascom/FCP

A noite dessa segunda-feira, 3/5, em São Paulo, representou o início de um trabalho conjunto para formulação de políticas públicas para a arte e a cultura negra. Num encontro inédito, produtores culturais, artistas e militantes do Movimento Negro decidiram construir um Fórum Estadual Permanente de Cultura Negra, para traçar estratégias para ampliar o acesso dos afro-brasileiros aos mecanismos de fomento à cultura do Estado.
O presidente da Fundação Cultural Palmares participou dos debates que decidiram ainda pela criação de uma Conferência Livre de Cultura Negra, numa tentativa de reverter a suspensão dos editais para cultura afro-brasileira do MinC (Ministério da Cultura) em parceria com a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). “É fundamental pensar o que nós podemos tirar desse episódio e como vamos e discutir as possíveis perdas de conquistas históricas, como no caso dos editais”, disse Hilton Cobra.
Também estiveram presentes nos debates a representante da FCP no Estado, Cidinha da Silva, integrantes do Fórum de Culturas Populares, da Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, do CULTNE (Acervo Digital de Cultura Negra Brasileira), da Rede de Empreendedores Artistas de Cultura Negra – Kultafro,  entre outros.
A atriz e produtora cultural Dirce Thomaz contou que a notícia sobre a suspensão dos editais negros do MinC foi um choque. “Estão testando nossa paciência, que já esta quase esgotada”, disse. “Não podemos deixar morrer, temos que tirar uma comissão local para discutir e fazer o intercâmbio com demais Estados. Somos nós os produtores negros quem temos que brigar”, completou.
Gilson Nunes Vitório, o Gilson Negão, responsável pelo CONEM (Coordenação das Entidades Negras) alertou que momentos como esse torna possível que “a gente consiga debater com a sociedade sobre o que representa essas políticas afirmativas e de igualdade racial para os negros brasileiros”.
“Não podemos deixar ser açoitados, instigados para reagir. Temos que estar preparados para essas situações de racismo. Somos mais de 50% da população brasileira”, ressaltou o produtor musical Haroldo Oliveira. O músico falou sobre a necessidade de desenvolver linhas de ação para fortalecer as iniciativas jurídicas e políticas contra a liminar maranhense. “Uma maneira de ocupar os espaços, as redes sociais, com um objeto de ação para bombardear os veículos de comunicação”, indicou.
Na opinião de Will Damas, essa é uma oportunidade para que os produtores culturais e o Movimento Negro pensem mais intensamente sobre os efeitos do racismo na sociedade. “Temos que dizer que essa sociedade é racista e nos reunir para discutir amplamente resolver as grandes questões, como essa, e não somente os pequenos problemas”, explicou.
Pauta das Conferências Nacionais – Em 2013, o Governo Federal planeja a realização de Conferências Nacionais de Igualdade Racial, Cultura e Educação. Nesse sentido, os participantes da reunião julgam ser o momento certo de construir uma pauta específica na área de políticas públicas e cultura. “O ideal é que a gente possa ter um discurso sobre os critérios que tem impedido os recursos para cultura negra serem acessados pelos produtores negros”, apontou Cida Bento, diretora executiva do CEERT (Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdade).
Mapeamento da produção negra – Para Hilton Cobra existe uma necessidade de construir bases estatísticas sobre arte e cultura negra, construir um mapeamento sobre o que foi discutido até hoje sobre arte e cultura afro-brasileira. “Nesses 25 anos de FCP, temos que retirar tudo que foi realizado de bom e enriquecer os projetos que deram certos. Vamos reorganizar o que já pensamos para que seja transformado em políticas públicas”, pontuou.
Cursos de formação para os editais – Outro tema recorrente foi a necessidade de elaborar oficinas de formação para que os produtores possam participar dos editais do Governo Federal e consigam preparar o projeto e responder as necessidades técnicas, jurídicas e de prestação de contas que esses certames impõem.

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